Para o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, celebrado em 28 de abril, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) escolheu em 2024 o tema “Impactos das mudanças climáticas na segurança e saúde no trabalho”, com o objetivo de chamar a atenção para as consequências das alterações do clima na saúde dos trabalhadores.
De acordo com o relatório Ensuring safety and health at work in a changing climate (garantindo a segurança e a saúde no trabalho sob mudanças climáticas), produzido pela OIT, já podemos observar algumas consequências das mudanças climáticas nas condições de saúde laboral em todo o mundo.
Calor excessivo
O relatório expõe, por exemplo, que 70% dos trabalhadores em todo o mundo (2,4 bilhões de um total de 3,4 bilhões) serão expostos em algum momento a condições de calor excessivo durante o desenvolvimento das suas atividades. Isso se explica nos efeitos das elevações da temperatura média global nos últimos anos.
E o problema é ainda mais complexo, pois a estimativa do relatório aponta para mais de 18 mil vidas perdidas devido aos mais de 22 milhões de acidentes do trabalho relacionados ao calor excessivo. E acrescenta que 26,2 milhões de pessoas sofrem com outros problemas relacionados, a exemplo de doença renal crônica em decorrência do chamado “estresse térmico” gerado no local de trabalho.
Riscos associados
Ainda segundo a OIT, as consequências das mudanças climáticas vão além da exposição dos trabalhadores ao calor excessivo, englobando também riscos de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias, doenças transmitidas por vetores, disfunções renais e de saúde mental – todos relacionados aos impactos das mudanças climáticas.
Dados sobre os impactos das mudanças climáticas no trabalho
As consequências das alterações no clima em todo o mundo já geram números preocupantes, tais como:
1,6 bilhão de trabalhadores expostos à radiação ultravioleta (UV);
Mais de 18 mil mortes por câncer de pele não melanoma relacionadas ao trabalho;
1,6 bilhão de pessoas provavelmente expostas à poluição do ar no local onde trabalham;
Cerca de 15 mil mortes anuais relacionadas à exposição a doenças parasitárias e transmitidas por vetores.
Indicações para mitigação dos impactos
Diante dos impactos negativos das mudanças climáticas sobre as condições de trabalho, a OIT sinaliza a necessidade de revisões em leis, regulamentos e orientações, além de melhorias nas estratégias de mitigação climática – apontando para medidas de eficiência energética – nos mais diversos ambientes de trabalho.
O objetivo é uma mobilização de âmbito global que busque a construção de ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis, ou seja, que façam valer o direito fundamental de todo trabalhador em qualquer parte do mundo.
Desafios para a segurança do trabalho
Diversos são os riscos à saúde para trabalhadores que atuam sob altas temperaturas, a exemplo de desidratação, mal-estar, tontura, desmaios, dor de cabeça e esgotamento físico.
Por isso, é imprescindível que todas as organizações tomem medidas de prevenção e mitigação dos impactos do clima nas condições de trabalho sob o sol e calor.
Assim, é essencial que todos os programas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) passem a incorporar as novas necessidades relacionadas aos impactos das mudanças climáticas. São elas:
Planos de emergência eficazes;
Acesso a água potável e incentivo à hidratação;
Fornecimento de EPIs individuais e coletivos para proteção ao sol e ao calor;
Disponibilização de protetores solares;
Pausas para descanso e recuperação térmica
Medidas de climatização em ambientes internos e externos
O caminho ainda é longo na luta pela mitigação climática em todo o mundo e, por esse motivo, é de fundamental importância a atuação de governos, empresas e sociedade civil organizada na busca por soluções de energias limpas e renováveis, descarbonização, menos impactos no meio ambiente e no clima, além da busca por condições mais seguras, saudáveis e dignas de trabalho para todos os trabalhadores.